Foto: Tiago Melo/Bahia Notícias
Os sinais de desgaste provocado pelos 106 dias de greve dos
professores da rede estadual de ensino estavam visíveis nos rostos,
bolsos e ânimos dos docentes que participaram da assembleia-geral desta terça-feira (24),
no Colégio Central. O cansaço foi admitido pelo próprio presidente do
Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui
Oliveira, que ponderou em entrevista que “a categoria está muito
desgastada e debilitada”. O corte de salários e a falta de perspectivas
para a resolução do impasse provocam baixas na adesão do movimento e as
estratégias para minimizá-las foram discutidas pelos docentes. “Se o
companheiro estiver fraquejando, por dificuldade ou cansaço, a gente tem
que pegar pelo braço e trazer de volta para o movimento e não se voltar
contra ele”, defendeu Germano Barreto, professor de Feira de Santana,
que discursou sobre formas de combate à desunião. Em entrevista ao Bahia
Notícias, a diretora da APLB na região cacaueira, Ruth Menezes, pediu
aos colegas para não “criminalizar os companheiros” que deixaram a
paralisação. “Quem voltou ao trabalho foi por necessidade, porque está
com água e energia cortadas, aluguel atrasado, sem limite no cartão até
para comprar comida. Não é justo criminalizar esses colegas que
resistiram o quanto puderam e deram sua parcela de contribuição ao
movimento”, argumentou. O balanço apresentado pela educadora contrapõe os dados oficiais do Estado,
ao indicar que, dos 27 municípios que compõem a regional, apenas em
Ilhéus e Itabuna, “os dois maiores”, a greve continua. O principal
entrave apontado é o corte de salários, já que a realização de bazares e
campanhas para arrecadar cestas básicas não se mostrou suficiente.
“Sempre que falo aos professores da minha regional peço a eles que
resistam por mais uma semana, mas não sei o quanto eles aguentam. [...]
Precisamos discutir uma saída honrosa, mas precisamos também entender
que já somos vitoriosos pelo resgate da união da categoria, pela
resistência e pela visibilidade nacional que conseguimos dar ao
movimento”, concluiu.
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